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A caminho de Santiago

O relato das minhas aventuras pelos Caminhos de Santiago

A caminho de Santiago

O relato das minhas aventuras pelos Caminhos de Santiago

Dia 08 - Caminho Francês de Santiago

27.09.10, daraopedal

Novamente madrugámos. Tocou às 6h AM e levantei-me às 6h30. Tomámos o pequeno-almoço no albergue dos templários e ainda não eram 7h30, já estávamos a pedalar. A manhã estava fresca e o sol ainda não se tinha levantado. O percurso ao longo do dia foi menos bom por termos andado sempre junto de estradas, ou da EN 120 ou da A-231, sempre com o barulho dos carros por perto. O piso foi bastante rolante, o que nos permitiu ultrapassar ligeiramente a barreira dos 100km. Antes de Sahagun, optámos por uma alternativa à senda de peregrinos junto à estrada. valeu pela vista do nascer do sol e sobre Sahagun.

Ao longo desta etapa também vimos curiosas habitações trogloditas. Só se via a entrada e uma chaminé. O resto estava coberto por terra, provavelmente para aguentar o calor daquela zona. Também vimos muitas construções em Adobe, um material muito usado antigamente que consiste numa mistura de barro e palha que é seca para formar uns tijolos duros.

Antes de entrar na cidade, passámos pela pequena ermida da Virgem del puente (em obras), junto a uma pequena ponte medieval.

Um local muito pitoresco. Em Sahagun, a maior parte dos edifícios eram em tijolo burro, o que dava uma tonalidade alaranjada a toda a cidade.

Carimbámos num bar que estava aberto, junto a um pórtico antigo, o arco de S. Bento, e a um monumento que marcava o meio do caminho.

No entanto, acho que essa efeméride é apenas relativa ao percurso em território espanhol, e como tínhamos começado em França, já íamos com mais alguns quilómetros nas pernas.

À saída de Sahagun há duas opções: ou ir pelo Real Caminho Francês ou pela Calçada dos Peregrinos. Tanto uma como outra opção pareceram-nos válidas quanto à sua autenticidade, mas como a 1ª segue sempre junto à estrada, optámos pela 2ª, que seguia pelo meio dos campos.

Passámos sobre a linha de caminhos de ferro e mais à frente parámos junto à fonte do peregrino (antes de Calzadilla de los Hermanillos) para merendar. Esse é o trajecto da Via Trajana, um percurso longe da confusão, cuja calma era apenas interrompida por um ou outro tiro de caçadores. Com isso acabámos por passar afastados uns quilómetros ao lado de El Burgo Ranero. Desde aí até Mansilla de la Mulas, o percurso foi muito monótono, sempre por uma via larga, ora em piso "rompe-cus", ora em saibro com pedras, mas sempre bastante rolante. Passámos inúmeros canais de regadio, alguns bem largos e até passámos uma zona de obras onde estavam a construir um novo canal. Em Mansilla de las Mulas entrámos por um pórtico/arco e carimbámos num albergue nessa mesma rua, com óptimas condições.

À saída da vila, tivemos de atravessar uma ponte antiga de uma só fila, coordenada por semáforos, onde uma mulher ao volante de um C3 mostrou os seus dotes de condutora fazendo inversão de marcha em plena ponte. Ora vai à frente e bate, ora recua e bate... e o trânsito parado. A mulher estava tão atrapalhada que foi preciso um ciclista orientá-la até conseguir pôr o carro direito e por pouco ele não era atropelado. Hoje às 11h30, já tínhamos 50 kms percorridos. A partir daí seguimos sempre por um trilho paralelo à EN 120, e num pequeno povoado, Villamores de Mansilla, seguimos o conselho do livro e fomos pelo interior da aldeia para evitar o trânsito junto à estrada, mas acabaríamos por regressar mais adiante. Na passagem da ponte de Puente Villarente, senti o perigo da passagem dos camiões a escassos centímetros de mim. A ponte tem um passeio minúsculo e colocaram rails de protecção, nos quais os alforges estavam sempre a embarrar de tão estreito que era.. Depois de passar o meio da ponte, o passeio simplesmente... desaparece!

Tivemos de esperar para conseguir uma brecha no trânsito e atravessar evitando os camiões e os carros. Continuámos passando pelas obras do que parece ser uma futura auto-estrada para Leon.

 

A seguir começaram a surgir os pavilhões industriais e atravessámos uma via rápida por uma passagem superior metálica, num local que era antes considerado o ponto negro do caminho. Felizmente parece que a passagem superior resolveu o problema.

A partir daqui temia que acontecesse o mesmo que aconteceu em Burgos e perdêssemos o rumo certo, mas felizmente o caminho está bem assinalado com as setas ou pequenos triângulos amarelos no chão ou ainda vieiras metálicas incrustadas no pavimento dos passeios.

Passámos pelas muralhas antigas e carimbámos no albergue municipal antes de irmos à procura de onde comer, pois já passavam das 13h30. Depois de almoçar, fomos visitar o interior da Basílica e a zona da Casa de Botines, uma obra de Gaudi.

Fomos até à catedral de Leon tirar umas fotos e acabámos por nos afastar do trilho. Conseguimos encontrá-lo e fomos seguindo ao longo de intermináveis passeios.

Quer a entrada, quer a saída de Leon pareceram intermináveis, pois tínhamos de ir devagar para ver as indicações, o que nos obrigava a seguir pelos passeios e não pela rua. Obviamente, não podíamos ir depressa para não comprometer a nossa segurança e a dos peões. Ainda em Leon, gostei de passar no Parador de San Marcos, cujo termómetro da praça marcava 32º.

Os pombos e um cão que por lá andavam não saiam da beira dos repuxos de água, o cão até se deitou em cima. Gostei também da ponte sobre o rio Bernesga e da pequena ermida de Santiago que parecia entalada no meio dos prédios.

Depois de Virgem del Camino, optámos pela variante de direita por Villandangos del Páramo até S. Martin del Camino, um percurso sem grande interesse, mas bastante rolante, que nos permitiu fazer 101 km neste dia. Em S. Martin del Camino, passámos pelos três albergues da vila e acabámos por ficar no Albergue Privado Ana. Antes tivesse tido um furo que me obrigasse a parar noutro sítio!!! Tomámos banho e lavámos a roupa num jardim nas traseiras, mas com a particularidade de ter uma canal de irrigação a passar pelo meio, seguindo através de todas as propriedades que estavam à sua frente. Ficámos a descansar nas cadeiras, à sombra das árvores. Jantámos e fomos para a cama cedo.

   

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