Dia 07 - Caminho Francês de Santiago
O amanhecer foi cedo. Levantámo-nos em silêncio para não acordar os outros. Ainda estava escuro, mas enquanto arrumámos as coisas e tomámos o pequeno-almoço, lá se fez luz. A manhã estava fresca e valeu o impermeável para agasalhar. Depois de alguns quilómetros por campos e por estrada, passámos pelas arcadas do Mosteiro de Stº Anton.
A particularidade é que a estrada passa mesmo debaixo dos arcos das ruínas do mosteiro.
Muito bonito e curioso... Depois começámos a avistar o monte da vila de Castrojeriz, uma pequena localidade por onde passámos rapidamente.
À saída da aldeia, comecei a avistar ao longe um monte com uma subida enorme que rasgava o seu flanco da direita para a esquerda, num ângulo de 45º.
Devia ser a tal subida de que uns amigos me tinham falado. Lá atacámos a subida com alguma apreensão devido ao seu comprimento. A parte inicial foi feita à mão porque havia muitos seixos soltos, mas assim que deu, montei e acabei por fazer 80% da subida em cima da bicicleta. Do alto, a vista levava até ao horizonte.
Um marco existe lá no alto, bem como um pequeno abrigo onde estava marcado "Bajada periglosa concentracion de acidentes" para alertar os ciclistas. A descida acabou por ser mais fácil do que era esperado. Em comparação com esta achei a descida do Monte del Perdon muito mais arriscada.
Depois... bem depois foram rectas enormes até chegar ao Pisuerga e à ponte Fitero, uma ponte medieval, situada logo após um albergue/hospital de peregrinos situado numa antiga capela, e que marca a entrada na região de Palência.
Continuámos até Boadilla del Camino, a localidade onde existe um albergue muito interessante, que fomos espreitar. No largo à frente existe a igreja e um "rollo", uma espécie de pelourinho. Este era muito grosso, branco e muito trabalhado. Nesse mesmo local estava um casal de meia-idade (ou mais) a fazer o percurso de bicicleta também. Afinal não há mesmo idades para isto! Continuámos até encontrar o Canal de Castilla, um canal de irrigação antigo com as margens cheias de juncos.
Pedalar junto à água foi agradável e rapidamente chegámos à Eclusa de Fromista, local onde existe uma espécie de barragem para nivelar as águas do canal.
A seguir a esta zona seguimos por uma paisagem monótona entre campos e canais de irrigação.
Almoçámos em Carrion de los Condes, depois de ter carimbado numa igreja à entrada da vila.
Deve ter sido o dia em que almoçámos mais cedo, eram 13 horas. Logo ao lado havia o museu com um pórtico com altos relevos assinaláveis. Depois de passar uma outra ponte medieval, apanhámos o trilho em terra e foi sempre a pedalar sob o sol intenso, que era atenuado pelas sombras de choupos plantados nas margens.
Passámos numa parte que correspondia à antiga Via Aquitana, uma via romana que ligava Bordéus a Astorga.
Dessa ligação nada resta a não ser o traçado e uma placa a assinalar o facto. Só parámos em Calzadilla de la Cueza para uma pequena pausa e comer umas laranjas. A ideia era ficar um pouco adiante desse final de etapa, eventualmente esticar até Sahagun, mas por razões profisisonais fui obrigado a ficar no albergue Los templários, na aldeia de Terradillos de los templários, para ter acesso à net. O albergue é um edifício grande e novo, com óptimas condições.
No entanto, a água das torneiras que usámos no banho e para lavar a roupa tem uma cor meio amarelada... Será que é boa? Hoje fizemos 82,46 km.