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A caminho de Santiago

O relato das minhas aventuras pelos Caminhos de Santiago

A caminho de Santiago

O relato das minhas aventuras pelos Caminhos de Santiago

Dia 04 - Caminho Francês de Santiago

27.09.10, daraopedal

Grande dia feriado! Realmente não fizemos nada... a não ser pedalar! A etapa foi longa com 74.4km, feitos em 6h12min a uma média de 12,47km/h. A alvorada foi muito cedo em Estella no albergue Paroquial. Às 6 da manhã começaram os primeiros a levantar-se e ouviu-se o som da música de Enya. Já parece Natal! Foi uma grande confusão naquele espaço pequeno, mas com muito colaboração uns dos outros, toda a gente conseguiu safar-se. Lá nos fomos despedindo de toda a gente e carregar os alforges e ainda não era bem de dia quando saímos. Fomos pela Igreja de S. Miguel e até à ponte antiga, mas acabámos por voltar ao ponto onde tínhamos abandonado o caminho no dia anterior, para poder observar a Igreja do Santo Sepulcro.

Seguimos pelas ruas vazias da cidade até alcançar a Bodega (Adega) Irache, onde existe a famosa fonte do vinho.

No entanto essa não deitava vinho porque só funcionava a partir das 8h e ainda faltava um quarto de hora. Fiquei curioso ao ver que havia uma webcam no local. O mosteiro de Irache é logo ao lado.

Depois disso continuámos pelo trilho que permitia ver campos ceifados pintados pela luz do sol a nascer e, ao longe, uma cadeia de montanhas com falésias com tons calcários alaranjados.

À frente via-se um monte (Pico de Monjardim) onde existiam umas ruínas de uma fortaleza medieval.

Em Villamayor de Monjardim, carimbámos junto a um albergue. A partir daí o piso foi muito rolante passando por vinhedos, campos e pilhas de fardos de palha da altura de um prédio de dois andares.

 

Este troço está assinalado como sendo mau de fazer no caso de haver muito vento, mas felizmente hoje não foi o caso. Rapidamente alcançámos Los Arcos (9h30), uma vila cuja entrada pouco diz, mas que se revelou uma bela surpresa. Encontrámos uma padaria/mini-mercado e comemos sentados nos bancos no largo frente à igreja.

 A vila toda estava a preparar-se para as festas locais. Podíamos ver pretecções de madeira colocadas diante das portas das casas. Pensei logo que fosse por causa de uma largada de touros, o que viemos a confirmar depois. A largada seria nesse dia, mas apenas de tarde. Uma pena, pois gostava de assistir a algo semelhante. No fim de comer ainda fui espreitar o interior da Igreja de Los Arcos. É mesmo muito bonita e impressionante. Por fora, ninguém diria. Algumas pessoas iam passando nas ruas com trajes de festa vermelho e branco, ou não estivéssemos nós no País Basco. Seguimos caminho por zonas que alternavam entre pinhais, campos e vinhedos até chegar a Viana, mas esta sem castelo.
 

Atravessámos a zona histórica e ainda parámos para visitar a igreja.

Não nos demorámos muito porque queríamos almoçar em Logroño. O trajecto até lá foi tranquilo, passámos na zona de La Rioja, que é conhecida pelos vinhos.

Na descida para Logroño, carimbámos na casa da D. Feliza, onde estava a sua filha, continuando o legado da mãe, que entretanto falecera, de dar figos aos peregrinos.

Parámos novamente no atendimento ao peregrino, depois de passarmos pela ciclovia junto ao rio Ebro.

Procurámos a calle Laurel, que o guia recomendava como sendo um bom local para comer. Era uma rua muito movimentada com imensos bares e muitas pessoas a beber na rua. Como só havia tascas de tapas, acabámos por ir para um pequeno restaurante ao lado da catedral.

Depois de almoçar, lá nos pusemos a caminho. Foi difícil encontrar o trilho no meio das ruas do centro da cidade, mas lá conseguimos. Entrámos num parque e passámos junto de uma barragem/parque urbano muito grande, que atravessámos sempre pela ciclovia. Assim custou menos e foi agradável. A subida até à autovia foi dura porque o calor começou a apertar. Junto à rede encontrámos cruzes feitas pelos peregrinos com pequenos pedaços de madeira, tal como à saída de Puente de la Reina, só que desta vez eram muitas mais. Imensas mesmo!

Em Navarrete, a vila que atravessámos a seguir, preparava-se uma festa. Optámos então por continuar em direcção à próxima aldeia chamada Ventosa. Já estava a ficar cansado e com dores nas pernas. Quando encontrámos o albergue San Saturnino fiquei surpreendido com o seu aspecto. Era muito bom mesmo, com excelentes condições!

O quarto onde ficámos apenas tinha três beliches e acabámos por ficar apenas 5 no quarto.

Depois do banho fomos procurar onde comer. Ainda tivemos oportunidade de ver umas danças tribais no centro da aldeia e regressámos ao albergue.