Dia 01 - Caminho Francês de Santiago
Mal chegámos a Hendaye deparámos com um controlo policial policial à saída do comboio. O comboio de ligação que estava mesmo no cais ao lado partiu sem nós. Com o tempo perdido no controlo e na bilheteira, ficámos apeados. O próximo era só às 10h43. Toca a esperar... Lá fora caía aquela chuva "molha-tolos". Ainda deu para tomar o pequeno-almoço, montar as bicicletas e conhecer bem a estação.
Os comboios que apanhámos nas ligações era TER (Train Express Regional) e ambos permitiam o transporte de biciletas em locais devidamente assinalado com um autocolante bem grande colado no vidro. É bom ver as pessoas a utilizarem as bicicletas nos transportes ferroviários sem que lhes sejam colocados entraves como é norma muitas vezes na CP. Um reparo de um tandem topo-de-gama que viajou no comboio até Bayonne.
Durante a viagem passámos por St. Jean de Luz e Biarritz o que ainda permitiu ver o mar. Em Bayonne trocámos para outro TER Aquitaine que nos levou por entre vales e paisagens espectaculares do Pirinéus. A parte final do percurso foi sempre ao longo do rio Nive (se não me engano), uma autêntica auto-estrada com engarrafamentos de rafting, tal era o número de barcos.
Acabámos por chegar a St. Jean Pied-de-Port pouco antes das 13h. A pequena vila fortificada vivia um dia bastante movimentado visto que era o início das festividades anuais e as pessoas nas ruas eram mais que muitas.
Procurámos o local de recepção dos peregrinos, mas só abria às 13h30, por isso decidimos procurar onde almoçar. Voltámos então ao local de recepção do peregrinos onde fomos muito bem atendidos por um senhor, uma simpatia de pessoa, com quem ainda estive a conversar um pouco sobre o nosso caminho português.
Recebemos a credencial francesa e perguntámos se daria para atravessar os Pirinéus nesse mesmo dia. Eram 15h e a travessia demora (a pé) cerca de 6h30. Começámos a fazer contas e mesmo estando de bicicleta, a média não seria muito inferior, o que levaria a acabar demasiado tarde esse percurso. Ele aconselhou-nos a ficar no Refuge Auberge de Orisson (770 m), um albergue a meio da subida.
Afinal também era uma boa desculpa para aproveitar para apreciar e fotografar as magníficas paisagens dos Pirinéus, com prados e bosques verdes por todo o lado, pintalgados aqui e ali por pontos brancos das ovelhas dos rebanhos. Chegámos a um local onde abandonámos a estrada para seguir um trilho na companhia de um rebanho que fugia sempre à nossa frente e não nos deixava passar. Os nossos pneus ficaram imediatamente cravados dos seus "restos".
O tempo estava de chuva (chovia quando chegámos a St. Jean Pied-de-Port) e ia ficando mais frio à medida que subíamos. Chegámos ao albergue, carimbámos as credenciais e fomos tomar banho. O jantar foi em duas grandes mesas comuns. Conversámos bastante e foi muito interessante. A dado momento tivemos de nos apresentar todos. Havia franceses, espanhóis, canadianos e quebequenses, alemães e até um sírio.
Ficámos ainda a conversar, mas por volta das 21h, o albergue tinha de fechar. Fomos todos dormir.