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A caminho de Santiago

O relato das minhas aventuras pelos Caminhos de Santiago

A caminho de Santiago

O relato das minhas aventuras pelos Caminhos de Santiago

Dia 00 - Caminho Francês de Santiago

27.09.10, daraopedal

O Comboio era às 19h05, mas procurámos chegar uma hora antes para desmontar e embalar as bicicletas. Em pleno parque de estacionamento, debaixo de um sol intenso, foi um "ver-se-te-avias" para ter tudo pronto atempadamente.

Depois veio a subida e descida pela escadaria da passagem superior sobre a linha. Uffa, uffa!!

Mas lá embarcámos e instalámos as bicicletas aos nossos pés no apertado compartimento.

Para abrir as camas foi necessário mudar a sua disposição, colocando-as ao alto, junto à janela. A noite foi aos sabor dos solavancos do comboio e por isso mal dormida.

Dia 01 - Caminho Francês de Santiago

27.09.10, daraopedal

Mal chegámos a Hendaye deparámos com um controlo policial policial à saída do comboio. O comboio de ligação que estava mesmo no cais ao lado partiu sem nós. Com o tempo perdido no controlo e na bilheteira, ficámos apeados. O próximo era só às 10h43. Toca a esperar... Lá fora caía aquela chuva "molha-tolos". Ainda deu para tomar o pequeno-almoço, montar as bicicletas e conhecer bem a estação.

Os comboios que apanhámos nas ligações era TER (Train Express Regional) e ambos permitiam o transporte de biciletas em locais devidamente assinalado com um autocolante bem grande colado no vidro. É bom ver as pessoas a utilizarem as bicicletas nos transportes ferroviários sem que lhes sejam colocados entraves como é norma muitas vezes na CP. Um reparo de um tandem topo-de-gama que viajou no comboio até Bayonne.

Durante a viagem passámos por St. Jean de Luz e Biarritz o que ainda permitiu ver o mar. Em Bayonne trocámos para outro TER Aquitaine que nos levou por entre vales e paisagens espectaculares do Pirinéus. A parte final do percurso foi sempre ao longo do rio Nive (se não me engano), uma autêntica auto-estrada com engarrafamentos de rafting, tal era o número de barcos.

Acabámos por chegar a St. Jean Pied-de-Port pouco antes das 13h. A pequena vila fortificada vivia um dia bastante movimentado visto que era o início das festividades anuais e as pessoas nas ruas eram mais que muitas.

Procurámos o local de recepção dos peregrinos, mas só abria às 13h30, por isso decidimos procurar onde almoçar. Voltámos então ao local de recepção do peregrinos onde fomos muito bem atendidos por um senhor, uma simpatia de pessoa, com quem ainda estive a conversar um pouco sobre o nosso caminho português.

Recebemos a credencial francesa e perguntámos se daria para atravessar os Pirinéus nesse mesmo dia. Eram 15h e a travessia demora (a pé) cerca de 6h30. Começámos a fazer contas e mesmo estando de bicicleta, a média não seria muito inferior, o que levaria a acabar demasiado tarde esse percurso. Ele aconselhou-nos a ficar no Refuge Auberge de Orisson (770 m), um albergue a meio da subida.

 
A subida foi bem dura e aí o caminho era sempre por estrada, mas acabámos por desmontar várias vezes tal era a inclinação e a duração das subidas.

Afinal também era uma boa desculpa para aproveitar para apreciar e fotografar as magníficas paisagens dos Pirinéus, com prados e bosques verdes por todo o lado, pintalgados aqui e ali por pontos brancos das ovelhas dos rebanhos. Chegámos a um local onde abandonámos a estrada para seguir um trilho na companhia de um rebanho que fugia sempre à nossa frente e não nos deixava passar. Os nossos pneus ficaram imediatamente cravados dos seus "restos".

O tempo estava de chuva (chovia quando chegámos a St. Jean Pied-de-Port) e ia ficando mais frio à medida que subíamos. Chegámos ao albergue, carimbámos as credenciais e fomos tomar banho. O jantar foi em duas grandes mesas comuns. Conversámos bastante e foi muito interessante. A dado momento tivemos de nos apresentar todos. Havia franceses, espanhóis, canadianos e quebequenses, alemães e até um sírio.

Ficámos ainda a conversar, mas por volta das 21h, o albergue tinha de fechar. Fomos todos dormir.

 

   

Dia 02 - Caminho Francês de Santiago

27.09.10, daraopedal

O despertar foi cedo (6h35), visto que o pequeno almoço era servido entre as 7h e as 7h30, mas isso permitiu-nos ver o nascer do sol sobre os Pirinéus.

 
 
 

Foi novamente servido em conjunto e fomo-nos despedindo do pessoal à medida que iam saindo. Depois, pelo caminho, íamos novamente passando por eles. As subidas eram agora mais suaves do que as do dia anterior, mas ainda assim exigentes.

Vimos paisagens espectaculares com enormes rebanhos pelas encostas. Parámos junto à estátua da Virgem de Biakorre para fotografias e para apreciar as vistas.

Pouco depois vimos uma carrinha com uma barraca montada de uma indivíduo que se tinha instalado no local para vender comida e bebidas aos peregrinos. Também tinha um carimbo próprio pelo que carimbámos a credencial.

Mais acima, perto do monte Urdanasburu (1233m) levantou um nevoeiro cerrado, depois de passar a placa de madeira que indicava "Roncevaux/Orreada" e uma cruz de pedra, o trilho abandonou o asfalto, para seguir por terra.

 
 

Passámos por um refúgio de montanha e seguimos junto a bosques fantásticos e com um ar místico devido ao nevoeiro. De vez em quando surgia um ou outro peregrino. Até passámos por um grupo que seguia a pé, em sentido contrário, com um pequeno burro a carregar as tralhas no seu dorso. Encontrámos uma placa que indicava Santiago a 765 km e a fonte de Rolando.

Por essa altura entrámos em Espanha (Navarra) e começou a chover.

No col de Lepoeder, havia duas alternativas ao caminho e seguimos pela da direita para o Col de Ibañeta que apesar de mais longa era aconselhada, em detrimento da outra, quando o tempo estava mau.

Chovia bastante e começámos a sentir muito frio por ser sempre a descer, o que tornou a descida longa e penosa. O capacete até já pingava. Passámos por um bosque denso até encontrar no cruzamento do alto de Ibañeta o vulto de uma igreja moderna.

Surgiu assim, do nada, no meio do nevoeiro e da EN. Uns sinais de trabalhos na via e umas fitas sinalizadoras deixaram-nos dúvidas sobre o caminho a seguir. Perguntámos a uma rapariga que estava parada numa carrinha e seguimos por lá até encontrarmos uma pequena retroescavadora que estava a fazer manutenção do caminho e amavelmente nos deixou passar.

Finalmente, depois de uma curva num estradão, avistámos as torres da colegiata de Roncesvalles.

Molhados e cheios de frio, entrámos por várias portas/arcadas, passando frente a uma igreja que integrava a colegiata e dirigimo-nos à zona reservada aos peregrinos. Acabámos por ficar no átrio de acesso e aproveitei para comer uma boa sandes. Quando voltámos a espreitar lá fora, o tempo tinha mudado radicalmente e o sol começava a espreitar. Seguimos caminho para a aldeia de Burguete e depois de passar um pequeno ribeiro, seguimos por campos e por trilhos no meio de bosques frondosos.

Numa zona mais adiante, depois de passar uns locais onde o caminho era com escadinhas, chegámos ao alto de Mezkivitz, onde uma placa pedia para rezar um "Salvé Rainha".

A partir daí apanhamos calçadas duras e escadinhas, começando a subir, sempre pelo trilho, até ao alto de Erro. O percurso aí é muito bonito, com muitas zonas de pinheiro manso.

Passámos por bastantes peregrinos. No alto de Erro, junto à estrada, estavam muitos parados, inclusivé duas motos preparadas para o Dakar. Depois foi sempre a descer, num piso algo técnico, até Zubiri, onde almoçámos no bar do pavilhão desportivo, a conselho da alberguista que nos carimbou a credencial.

A etapa de Zubiri adiante ficou marcada pela passagem na zona da fábrica de magnesitas, pela quantidade de portões que tivemos de abrir e fechar e por seguirmos sempre ao longo do rio, com pescadores aqui e ali.

Optámos por ficar antes de Pamplona, em Trinidad de Arre, no Convento de la Trinidad.

 

Um simpático velhote recebeu-nos numa gabinete com cheiro a antigo e a sagrado. Devia provavelmente ser um monge. Carimbámos e levou-nos à zona do albergue, que ficava na parte de trás, com entrada por uma porta antiga que dava para um pequeno jardim muito acolhedor.

Por lá estava um grupo de italianos, de alemães, espanhóis e um japonês. Comemos no bar do outro albergue (o municipal) uma refeição que nos deixou pouco satisfeitos e regressámos ao nosso abrigo dessa noite. O vento estava a levantar e parecia anunciar chuva.

 
   

Dia 03 - Caminho Francês de Santiago

27.09.10, daraopedal

Por volta das 6h30, começaram a fazer barulho. Acho que o Japonês foi o 1º a levantar-se, pelo menos foi o 1º a partir. Pelas 7h15 (+/-) levantei-me e acomodei as tralhas todas nos alforges. Chegámos rapidamente a Pamplona, onde entrámos por uma porta enorme, na zona das muralhas.

Passámos pela catedral, em obras, e fomos ao albergue para carimbar as credenciais.

Era enorme e parecia ser bem interessante. Depois seguimos pela zona da Universidade de Navarra.

Aí começou a chover e lá tivemos de voltar aos impermeáveis. Logo à saída da cidade, vimos uma mulher com uma criança de 5/6 anos pela mão.

A mãe carregava uma mochila e ia chamando a miúda que não estava com grande vontade de caminhar. Fiquei a pensar nas razões que levam uma mãe a sujeitar uma miúda a tamanho esforço. Afinal, ela não chega a "viver" o caminho, nem entende o seu significado e provavelmente, passado pouco tempo, nem se lembrará do que viu e por onde passou. Também é certo que não sei se iam fazer o caminho na totalidade, mas ainda assim... Adiante vimos um homem de mochila às costas e com outro miúda pela mão. Seria o resto da família? Finalmente começámos a seguir em direcção à serra do Alto del Perdon.

Eram imensos os peregrinos que se viam no caminho subindo em direcção às eólicas. Pensei inicialmente que íamos mesmo até ao ponto mais alto, mas afinal não; o monumento ao peregrino está do lado direito de uma fileira de torres eólicas.

 

A ventania também era tal que mal chegámos ao alto tivemos de vestir os casacos. Tirámos as fotos da praxe. Iniciámos então a descida muito técnica e dura devido às pedras parecidas com seixos redondos e escorregadios.

O meu travão de trás começou a chiar bastante, mas foi travando. A dificuldade maior foi mesmo ultrapassar tanto peregrino a pé. Perdi a conta às vezes que disse "Perdon", "Gracias". Que falta me faz a minha pequena campainha! Rapidamente chegámos a Puente de la Reina. Parámos junto a uma estátua do peregrino e carimbámos no albergue logo ali ao lado.

Fomos então até ao centro, um pouco ao acaso porque perdemos sinal das marcas, mas como estávamos na calle Mayor, em direcção à ponte, devia ser mesmo por ali.

Tirámos as fotos da praxe na zona da ponte.

 

Voltámos para trás, para almoçar junto à praça. Logo a seguir a Puente de la Reina apanhámos uma forte subida, ainda por cima com bastante calor, no entanto o local era bem bonito, com uns pinheiros e encostas bem engraçados até chegar à autovia.

Na rede de separação, os peregrinos tinham colocado cruzes feitas de paus. Numa descida entre vinhedos, avistámos uma pequena aldeia chamada Cirauqui.

Fiquei encantado com a sua beleza pitoresca. Subimos a encosta até ao centro onde existe um arco num edifício pelo qual temos de atravessar. Na descida há uma calçada romana, bem desagradável para pedalar, mas interessante a descobrir. Tivemos de transpor uma ponte em ruínas e continuámos pela calçada romana. É difícil pedalar pela calçada porque as pedras estão lisas e escorregadias e os alforges andam sempre aos saltos. Passámos uma e outra vez debaixo da A12, numa jornada em que o vento acabou por ser o nosso (indesejado) companheiro, o que tornou o resto da etapa algo desagradável.

Assim, quando avistámos Estella, já só queríamos ficar por lá.

Optámos pelo albergue paroquial, situado num edifício recente (tipo apartamento). As bicicletas tiveram de ficar fora, amarradas na rua visto que não havia espaço dentro, o que me desagradou um pouco.

 

Estivemos também com um senhor chamado José António Garcia, que tem a particularidadee de ter feito perto de 97 000 km pelo mundo em peregrinação, como forma de agradecimento à virgem por ter sobrevivido a um naufrágio em mar alto na Noruega. Esse senhor era pescador e o seu barco naufragou, tendo sido o único sobrevivente. Esperou 9h entre cadáveres até ser resgatado, e esteve quase um ano em recuperação, mas desde aí percorreu muitos dos lugares considerados altares do mundo. Conheceu o Papa João Paulo II e o Daila Lama. Já esteve no Tibete, Índia, Nepal, Sibéria, África, Canada, China, Israel e Equador. Tinha também já passado por Portugal: no Porto tinham-lhe roubado a bicicleta, a mochila e o dinheiro e depois, chegado a Fátima e sem comer havia já dois dias, pediu esmola a um padre. Segundo nos disse, a resposta do padre foi que Jesus Cristo tinha andado 40 dias no deserto sem comer, portanto ainda podia aguentar mais 38. Até senti vergonha da imagem que ele levou do nosso país. Estava agora a regressar de Santiago de Compostela, indo para S. Sebastian, onde ia encontrar a sua família e conhecer netos que nunca tinha visto. Um feito, sem dúvida! O jantar foi em comum.

Conversámos com uma francesa que fazia o caminho aos poucos havia já uns anos, e uma espanhola que, como nós, andava a fazer o caminho de bicicleta e até com um português que chegou ao albergue depois de nós na companhia de um grupo de italianos. Havia polacos, ingleses, americanos, espanhóis, italianos, franceses e portugueses. Hoje fizemos 54.47 km em 5h11min a uma média de 10.93 km/h. Total 123 km. Ainda a procissão vai no adro...

   

Dia 04 - Caminho Francês de Santiago

27.09.10, daraopedal

Grande dia feriado! Realmente não fizemos nada... a não ser pedalar! A etapa foi longa com 74.4km, feitos em 6h12min a uma média de 12,47km/h. A alvorada foi muito cedo em Estella no albergue Paroquial. Às 6 da manhã começaram os primeiros a levantar-se e ouviu-se o som da música de Enya. Já parece Natal! Foi uma grande confusão naquele espaço pequeno, mas com muito colaboração uns dos outros, toda a gente conseguiu safar-se. Lá nos fomos despedindo de toda a gente e carregar os alforges e ainda não era bem de dia quando saímos. Fomos pela Igreja de S. Miguel e até à ponte antiga, mas acabámos por voltar ao ponto onde tínhamos abandonado o caminho no dia anterior, para poder observar a Igreja do Santo Sepulcro.

Seguimos pelas ruas vazias da cidade até alcançar a Bodega (Adega) Irache, onde existe a famosa fonte do vinho.

No entanto essa não deitava vinho porque só funcionava a partir das 8h e ainda faltava um quarto de hora. Fiquei curioso ao ver que havia uma webcam no local. O mosteiro de Irache é logo ao lado.

Depois disso continuámos pelo trilho que permitia ver campos ceifados pintados pela luz do sol a nascer e, ao longe, uma cadeia de montanhas com falésias com tons calcários alaranjados.

À frente via-se um monte (Pico de Monjardim) onde existiam umas ruínas de uma fortaleza medieval.

Em Villamayor de Monjardim, carimbámos junto a um albergue. A partir daí o piso foi muito rolante passando por vinhedos, campos e pilhas de fardos de palha da altura de um prédio de dois andares.

 

Este troço está assinalado como sendo mau de fazer no caso de haver muito vento, mas felizmente hoje não foi o caso. Rapidamente alcançámos Los Arcos (9h30), uma vila cuja entrada pouco diz, mas que se revelou uma bela surpresa. Encontrámos uma padaria/mini-mercado e comemos sentados nos bancos no largo frente à igreja.

 A vila toda estava a preparar-se para as festas locais. Podíamos ver pretecções de madeira colocadas diante das portas das casas. Pensei logo que fosse por causa de uma largada de touros, o que viemos a confirmar depois. A largada seria nesse dia, mas apenas de tarde. Uma pena, pois gostava de assistir a algo semelhante. No fim de comer ainda fui espreitar o interior da Igreja de Los Arcos. É mesmo muito bonita e impressionante. Por fora, ninguém diria. Algumas pessoas iam passando nas ruas com trajes de festa vermelho e branco, ou não estivéssemos nós no País Basco. Seguimos caminho por zonas que alternavam entre pinhais, campos e vinhedos até chegar a Viana, mas esta sem castelo.
 

Atravessámos a zona histórica e ainda parámos para visitar a igreja.

Não nos demorámos muito porque queríamos almoçar em Logroño. O trajecto até lá foi tranquilo, passámos na zona de La Rioja, que é conhecida pelos vinhos.

Na descida para Logroño, carimbámos na casa da D. Feliza, onde estava a sua filha, continuando o legado da mãe, que entretanto falecera, de dar figos aos peregrinos.

Parámos novamente no atendimento ao peregrino, depois de passarmos pela ciclovia junto ao rio Ebro.

Procurámos a calle Laurel, que o guia recomendava como sendo um bom local para comer. Era uma rua muito movimentada com imensos bares e muitas pessoas a beber na rua. Como só havia tascas de tapas, acabámos por ir para um pequeno restaurante ao lado da catedral.

Depois de almoçar, lá nos pusemos a caminho. Foi difícil encontrar o trilho no meio das ruas do centro da cidade, mas lá conseguimos. Entrámos num parque e passámos junto de uma barragem/parque urbano muito grande, que atravessámos sempre pela ciclovia. Assim custou menos e foi agradável. A subida até à autovia foi dura porque o calor começou a apertar. Junto à rede encontrámos cruzes feitas pelos peregrinos com pequenos pedaços de madeira, tal como à saída de Puente de la Reina, só que desta vez eram muitas mais. Imensas mesmo!

Em Navarrete, a vila que atravessámos a seguir, preparava-se uma festa. Optámos então por continuar em direcção à próxima aldeia chamada Ventosa. Já estava a ficar cansado e com dores nas pernas. Quando encontrámos o albergue San Saturnino fiquei surpreendido com o seu aspecto. Era muito bom mesmo, com excelentes condições!

O quarto onde ficámos apenas tinha três beliches e acabámos por ficar apenas 5 no quarto.

Depois do banho fomos procurar onde comer. Ainda tivemos oportunidade de ver umas danças tribais no centro da aldeia e regressámos ao albergue.

   

Dia 05 - Caminho Francês de Santiago

27.09.10, daraopedal

Hoje, bem cedo, o DJ de serviço decidiu brindar-nos com cânticos gregorianos, logo pelas 6 da manhã para nos acordar. Mesmo assim, ainda me deixei ficar até às 7h. Saímos do albergue de S. Saturnino (Muito bom!) às 8h em ponto, mas 1 km depois tive de parar para voltar a tratar dos travões da bicicleta. Até Nájera atravessámos imensas zonas de vinhedos.

O troço era em terra dura e aos buracos, o que se tornava muito desagradável para o rabo. Em Nájera, de assinalar as falésias rochosas de tom avermelhado escuro, junto aos prédios e o facto de termos reencontrado a ciclista que tinha pernoitado no mesmo albergue.

Devia ser alemã e pretendia seguir para Madrid depois de chegar a Santiago,sempre de bicicleta. Continuámos no piso "rompe-cús" e em subida contínua, quase imperceptível, mas desgastante.

Em Stº Domingos de la Calzada, aproveitámos uma estação de lavagem automática para tirar a lama seca do quadro das bicicletas e o pó acumulado nas transmissões.

Ficaram como novas. Fomos a uma padaria e a um mini-mercado e lanchámos numa pequena praça perto do albergue.

Em seguida ainda fomos espreitar a zona da catedral e da torre, mas não entrámos.

Com tanta volta, acabámos por por perder o trilho e tivemos de andar para trás e para a frente para o reencontrar.

A partir daqui as zonas de vinha desapareceram completamente para dar lugar aos imensos campos de trigo (já ceifado) onde só restava o restolho.

Também encontrámos zonas de campos de girassóis, onde os peregrinos se divertiam tirando algumas sementes de forma a criar desenhos na própria flor. Muito bonito e original.

A partir de Redecilla del Camino, entrámos na província de Castilha, facto indicado por uma grande placa e, no centro da aldeia, por um marco.

O caminho já não era o "rompe-cus" mas antes de terra e gravilha, o que sempre é melhor. Os últimos quilómetros até Belorado foram sempre a descer, e que bem que souberam!

Carimbámos num albergue que já estava lotado e seguimos até à praça mayor para almoçar quando já passava das 15h. Já eram 16h15 quando saímos do restaurante com ideias de ficar em Villambista, a 6km, no albergue. Por ser dia de festa local, estava fechado. Continuámos até Espinosa del Camino, mas uns betetistas que estavam parados por lá disseram-nos que estava cheio. Mau! Felizmente, em Villafranca Montes de Oca, tínhamos lugar no albergue, num edifício que parecia uma antiga escola.

À noite, depois de jantar, ainda tivemos oportunidade de assistir a um espectáculo de danças russas que decorreu junto à igreja. Os trajes dos bailarinos eram super coloridos.

 
   

Dia 06 - Caminho Francês de Santiago

27.09.10, daraopedal

Hoje levantei-me às 6h30 para ver se andávamos o mais possível pela fresca. Mesmo assim acabámos por ser as últimas bicicletas a sair. A subida inicial a partir da aldeia a frio era penosa e preferi empurrá-la. O trilho pelos Montes de Oca é que foi fabuloso.

Uma floresta enorme de árvores autóctones (carvalhos) e mais adiante uma zona de pinhal de um lado e carvalhal do outro, com um trilho muito largo (tipo corta fogo) a separá-los.

Depois da subida inicial, o caminho tornou-se muito rolante e fizemos uma boa média. Chegámos a S. Juan de Ortega, uma pequena aldeia com um mosteiro bastante grande e muito bonito. Visitámo-lo (gostei do pormenor de ter uma cripta) e carimbámos num café ao lado.

Em seguida queríamos ir para Burgos, mas havia duas alternativas: uma ao longo da EN 120, o que não me parecia muito agradável, e outra que correspondia ao caminho principal.

Claro que optámos por esta última. Passámos por Atapuerca, uma localidade onde existem vestígios arqueológico pre-históricos e que é património da humanidade.

Logo a seguir entrámos num trilho a subir bastante e com um piso muito mau: um misto de terra vermelha e pedra calcária que me fez lembrar o barrocal algarvio. Do lado esquerdo, o arame farpado e placas indicavam que era território militar. Depois de chegar ao alto onde havia uma cruz e uma placa com uma citação, iniciámos a descida.

Já se via Burgos bem perto e parecia enorme. Depois de passar por cima da auto-estrada, nova dúvida: havia setas para um lado e para outro. No livro dizia que apenas uma das opções era o caminho, pelo que contornámos o aeroporto em direcção ao centro. Ainda tivemos de atravessar uma via rápida e meter-nos por zonas industriais e zonas de apartamentos. Depois de uma rotunda com uma fonte de Santiago perdemos o trilho e tivemos de perguntar por onde seguir. Apanhámos uma ciclovia que fomos seguindo até conseguir dar novamente com o trilho.

O livro falava de uma ciclovia junto ao rio, mas não conseguimos dar com ela e por isso a entrada em Burgos foi deprimente. Junto à catedral tirámos as fotos da praxe.

O português estava por lá e voltámos a conversar um pouco. Carimbámos na catedral e fomos lanchar/almoçar junto ao rio, frente à porta de entrada da cidade antiga para a catedral.

Para sair de Burgos foi mais fácil.

Ainda parámos num supermercado para abastecer para o dia seguinte e continuámos seguindo pela universidade e passando sobre a auto-estrada. Atravessámos ainda uma pequena aldeia - Rabi de las calzadas - muito engraçada, onde carimbámos.

Parámos em Hornillo del Camino para almoçar. Na etapa a partir de Burgos sentia-me bastante bem e foi sempre a puxar e esticar sem grandes dores.

Os 11km até Hontanas, onde ficámos no albergue El Puntido, foram feitos sempre a abrir e soube-me muito bem.

Foram 74,93 km em 5h33min a pedalar, à média de 13,94km/h. Já vamos com 344km no total.

   

Dia 07 - Caminho Francês de Santiago

27.09.10, daraopedal

O amanhecer foi cedo. Levantámo-nos em silêncio para não acordar os outros. Ainda estava escuro, mas enquanto arrumámos as coisas e tomámos o pequeno-almoço, lá se fez luz. A manhã estava fresca e valeu o impermeável para agasalhar. Depois de alguns quilómetros por campos e por estrada, passámos pelas arcadas do Mosteiro de Stº Anton.

A particularidade é que a estrada passa mesmo debaixo dos arcos das ruínas do mosteiro.

Muito bonito e curioso... Depois começámos a avistar o monte da vila de Castrojeriz, uma pequena localidade por onde passámos rapidamente.

À saída da aldeia, comecei a avistar ao longe um monte com uma subida enorme que rasgava o seu flanco da direita para a esquerda, num ângulo de 45º.

Devia ser a tal subida de que uns amigos me tinham falado. Lá atacámos a subida com alguma apreensão devido ao seu comprimento. A parte inicial foi feita à mão porque havia muitos seixos soltos, mas assim que deu, montei e acabei por fazer 80% da subida em cima da bicicleta. Do alto, a vista levava até ao horizonte.

Um marco existe lá no alto, bem como um pequeno abrigo onde estava marcado "Bajada periglosa concentracion de acidentes" para alertar os ciclistas. A descida acabou por ser mais fácil do que era esperado. Em comparação com esta achei a descida do Monte del Perdon muito mais arriscada.

Depois... bem depois foram rectas enormes até chegar ao Pisuerga e à ponte Fitero, uma ponte medieval, situada logo após um albergue/hospital de peregrinos situado numa antiga capela, e que marca a entrada na região de Palência.

Continuámos até Boadilla del Camino, a localidade onde existe um albergue muito interessante, que fomos espreitar. No largo à frente existe a igreja e um "rollo", uma espécie de pelourinho. Este era muito grosso, branco e muito trabalhado. Nesse mesmo local estava um casal de meia-idade (ou mais) a fazer o percurso de bicicleta também. Afinal não há mesmo idades para isto! Continuámos até encontrar o Canal de Castilla, um canal de irrigação antigo com as margens cheias de juncos.

Pedalar junto à água foi agradável e rapidamente chegámos à Eclusa de Fromista, local onde existe uma espécie de barragem para nivelar as águas do canal.

A seguir a esta zona seguimos por uma paisagem monótona entre campos e canais de irrigação.

Almoçámos em Carrion de los Condes, depois de ter carimbado numa igreja à entrada da vila.

Deve ter sido o dia em que almoçámos mais cedo, eram 13 horas. Logo ao lado havia o museu com um pórtico com altos relevos assinaláveis. Depois de passar uma outra ponte medieval, apanhámos o trilho em terra e foi sempre a pedalar sob o sol intenso, que era atenuado pelas sombras de choupos plantados nas margens.

Passámos numa parte que correspondia à antiga Via Aquitana, uma via romana que ligava Bordéus a Astorga.

Dessa ligação nada resta a não ser o traçado e uma placa a assinalar o facto. Só parámos em Calzadilla de la Cueza para uma pequena pausa e comer umas laranjas. A ideia era ficar um pouco adiante desse final de etapa, eventualmente esticar até Sahagun, mas por razões profisisonais fui obrigado a ficar no albergue Los templários, na aldeia de Terradillos de los templários, para ter acesso à net. O albergue é um edifício grande e novo, com óptimas condições.

No entanto, a água das torneiras que usámos no banho e para lavar a roupa tem uma cor meio amarelada... Será que é boa? Hoje fizemos 82,46 km.

   

Dia 08 - Caminho Francês de Santiago

27.09.10, daraopedal

Novamente madrugámos. Tocou às 6h AM e levantei-me às 6h30. Tomámos o pequeno-almoço no albergue dos templários e ainda não eram 7h30, já estávamos a pedalar. A manhã estava fresca e o sol ainda não se tinha levantado. O percurso ao longo do dia foi menos bom por termos andado sempre junto de estradas, ou da EN 120 ou da A-231, sempre com o barulho dos carros por perto. O piso foi bastante rolante, o que nos permitiu ultrapassar ligeiramente a barreira dos 100km. Antes de Sahagun, optámos por uma alternativa à senda de peregrinos junto à estrada. valeu pela vista do nascer do sol e sobre Sahagun.

Ao longo desta etapa também vimos curiosas habitações trogloditas. Só se via a entrada e uma chaminé. O resto estava coberto por terra, provavelmente para aguentar o calor daquela zona. Também vimos muitas construções em Adobe, um material muito usado antigamente que consiste numa mistura de barro e palha que é seca para formar uns tijolos duros.

Antes de entrar na cidade, passámos pela pequena ermida da Virgem del puente (em obras), junto a uma pequena ponte medieval.

Um local muito pitoresco. Em Sahagun, a maior parte dos edifícios eram em tijolo burro, o que dava uma tonalidade alaranjada a toda a cidade.

Carimbámos num bar que estava aberto, junto a um pórtico antigo, o arco de S. Bento, e a um monumento que marcava o meio do caminho.

No entanto, acho que essa efeméride é apenas relativa ao percurso em território espanhol, e como tínhamos começado em França, já íamos com mais alguns quilómetros nas pernas.

À saída de Sahagun há duas opções: ou ir pelo Real Caminho Francês ou pela Calçada dos Peregrinos. Tanto uma como outra opção pareceram-nos válidas quanto à sua autenticidade, mas como a 1ª segue sempre junto à estrada, optámos pela 2ª, que seguia pelo meio dos campos.

Passámos sobre a linha de caminhos de ferro e mais à frente parámos junto à fonte do peregrino (antes de Calzadilla de los Hermanillos) para merendar. Esse é o trajecto da Via Trajana, um percurso longe da confusão, cuja calma era apenas interrompida por um ou outro tiro de caçadores. Com isso acabámos por passar afastados uns quilómetros ao lado de El Burgo Ranero. Desde aí até Mansilla de la Mulas, o percurso foi muito monótono, sempre por uma via larga, ora em piso "rompe-cus", ora em saibro com pedras, mas sempre bastante rolante. Passámos inúmeros canais de regadio, alguns bem largos e até passámos uma zona de obras onde estavam a construir um novo canal. Em Mansilla de las Mulas entrámos por um pórtico/arco e carimbámos num albergue nessa mesma rua, com óptimas condições.

À saída da vila, tivemos de atravessar uma ponte antiga de uma só fila, coordenada por semáforos, onde uma mulher ao volante de um C3 mostrou os seus dotes de condutora fazendo inversão de marcha em plena ponte. Ora vai à frente e bate, ora recua e bate... e o trânsito parado. A mulher estava tão atrapalhada que foi preciso um ciclista orientá-la até conseguir pôr o carro direito e por pouco ele não era atropelado. Hoje às 11h30, já tínhamos 50 kms percorridos. A partir daí seguimos sempre por um trilho paralelo à EN 120, e num pequeno povoado, Villamores de Mansilla, seguimos o conselho do livro e fomos pelo interior da aldeia para evitar o trânsito junto à estrada, mas acabaríamos por regressar mais adiante. Na passagem da ponte de Puente Villarente, senti o perigo da passagem dos camiões a escassos centímetros de mim. A ponte tem um passeio minúsculo e colocaram rails de protecção, nos quais os alforges estavam sempre a embarrar de tão estreito que era.. Depois de passar o meio da ponte, o passeio simplesmente... desaparece!

Tivemos de esperar para conseguir uma brecha no trânsito e atravessar evitando os camiões e os carros. Continuámos passando pelas obras do que parece ser uma futura auto-estrada para Leon.

 

A seguir começaram a surgir os pavilhões industriais e atravessámos uma via rápida por uma passagem superior metálica, num local que era antes considerado o ponto negro do caminho. Felizmente parece que a passagem superior resolveu o problema.

A partir daqui temia que acontecesse o mesmo que aconteceu em Burgos e perdêssemos o rumo certo, mas felizmente o caminho está bem assinalado com as setas ou pequenos triângulos amarelos no chão ou ainda vieiras metálicas incrustadas no pavimento dos passeios.

Passámos pelas muralhas antigas e carimbámos no albergue municipal antes de irmos à procura de onde comer, pois já passavam das 13h30. Depois de almoçar, fomos visitar o interior da Basílica e a zona da Casa de Botines, uma obra de Gaudi.

Fomos até à catedral de Leon tirar umas fotos e acabámos por nos afastar do trilho. Conseguimos encontrá-lo e fomos seguindo ao longo de intermináveis passeios.

Quer a entrada, quer a saída de Leon pareceram intermináveis, pois tínhamos de ir devagar para ver as indicações, o que nos obrigava a seguir pelos passeios e não pela rua. Obviamente, não podíamos ir depressa para não comprometer a nossa segurança e a dos peões. Ainda em Leon, gostei de passar no Parador de San Marcos, cujo termómetro da praça marcava 32º.

Os pombos e um cão que por lá andavam não saiam da beira dos repuxos de água, o cão até se deitou em cima. Gostei também da ponte sobre o rio Bernesga e da pequena ermida de Santiago que parecia entalada no meio dos prédios.

Depois de Virgem del Camino, optámos pela variante de direita por Villandangos del Páramo até S. Martin del Camino, um percurso sem grande interesse, mas bastante rolante, que nos permitiu fazer 101 km neste dia. Em S. Martin del Camino, passámos pelos três albergues da vila e acabámos por ficar no Albergue Privado Ana. Antes tivesse tido um furo que me obrigasse a parar noutro sítio!!! Tomámos banho e lavámos a roupa num jardim nas traseiras, mas com a particularidade de ter uma canal de irrigação a passar pelo meio, seguindo através de todas as propriedades que estavam à sua frente. Ficámos a descansar nas cadeiras, à sombra das árvores. Jantámos e fomos para a cama cedo.

   

Dia 09 - Caminho Francês de Santiago

27.09.10, daraopedal

6h20. Toca o relógio. Levantámo-nos, montámos os alforge e arrancámos.

Chegámos a Hospital de Orbigo, um local com uma grande ponte medieval, bastante bonita, mas que estava tapada em obras para recuperação. Acabámos por seguir pela variante junto à estrada até Astorga, um percurso sem grande história, mas menos exigente.

 

Gostei de Astorga: é uma pequena cidade com origens romanas. Na Plaza Mayor, um carrilhão dava as horas com duas figuras mecanizadas.

Um pouco antes tínhamos passado pelas ruínas de vestígios de uma casa romana. A partir de Astorga, o percurso começou gradualmente a subir dos 869m para os 1149m de Rabanal del Camino.

Fomos sempre junto à estrada passando por Stª Catalina de Zomoza, uma pequena aldeia pitoresca. O calor apertava e o sol batia intensamente e a pique. Lá continuámos por Rabanal del Camino, uma aldeia que se resumia a uma calle a subir com restaurantes de um lado e outro.

 
Passámos pela aldeia, quase em ruínas de Foncebadon, a última antes do nosso objectivo do dia.

O nosso objectivo era outro: chegar à Cruz de Ferro, um local mítico do Camino, com um monte de pedras à volta de um poste de madeira com uma pequena cruz no topo. Dizem que foram os peregrinos que o criaram.

A tradição diz que devemos deixar uma pedra do tamanho dos nossos pecados, que teremos carregado desde o sítio de onde partimos. A partir daí entrámos numa zona de paisagens deslumbrantes a fazer lembrar as serras de Arouca e seriam 15 km sempre a descer por estrada.

Encontrámos uma casa curiosa na aldeia abandonada de Manjarim, mesmo à beira da estrada, cheia de bandeiras e indicações dos quilómetros para diversos pontos do mundo.

Descemos mais uma bocado, sempre por estradas muito inclinadas onde uma falha de travões seria facilmente fatal até à aldeia de El Acebo, onde almoçámos muito bem.

Aqueles filetes de ternera saborosos souberam mesmo bem! Continuámos até Molinaseca.

Chegados a Molinaseca e à sua ponte de entrada na aldeia ficámos conquistados. Não conseguimos resistir a uma praia fluvial cheia de gente.

Estava muito calor e a agua convidava a uma banhoca. Optámos por ficar ali mesmo. Fomos procurar o albergue e demos entrada no albergue de Santa Marina.

Depois de tomar banho e lavar a roupa, fomos a pé até ao centro da aldeia e ao rio. Não resisitmos à água e apesar de não termos fatos de banho entrei na água pelo menos para molhar as pernas. Estivemos a apreciar a multidão, inclusivé um grupo de italianos pelo qual tínhamos passado depois de Manjarim. As miúdas do grupo não resistiram e sacaram a roupa e foram mesmo de roupa interior à água. Jantámos ali ao lado numa esplanada e soube mesmo bem aproveitar o fim do dia por ali. Hoje fizemos 76.42 km em 5h30min, à média de 14.25 km/h.

   

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