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A caminho de Santiago

O relato das minhas aventuras pelos Caminhos de Santiago

A caminho de Santiago

O relato das minhas aventuras pelos Caminhos de Santiago

Dia 12 - Caminho Francês de Santiago

27.09.10, daraopedal

Hoje saímos mais tarde por preguiça minha. Achava que o dia ia ser mais leve e que não seria necessário levantar tão cedo. Enganei-me. Eram 8h30 quando nos pusemos à estrada, atravessando a pequena ponte pedestre sobre um afluente da barragem.

A partir daí enfiámo-nos outra vez nos bosques densos e escuros, espectaculares. Apanhámos bastantes subidas mas a inclinação da maioria era a meu gosto e aproveitei para esticar durante os primeiros 25 km. O número de peregrinos ao longo do trilho era enorme, perdi a conta às vezes que tive de dizer "Buen Camino", "Perdon!" e "Holá!".

Às vezes, quando o trilho era mesmo ao lado da estrada, optava pelo asfalto para evitar a multidão. Hoje o tempo estava a ameaçar chuva, estava óptimo para pedalar com uma temperatura amena.

Infelizmente a ameaça fez-se realidade e começou mesmo a chover. Choveu timidamente da parte da manhã e continuamente depois do meio-dia. Perante isto, pensámos que o melhor seria pedalar o máximo sem parar para almoçar, pois se parássemos e ficássemos com frio, seria muito difícil recomeçar. Assim fizemos!

Foi a cerca de 8 km depois de Palas de Rei, em Coto, que a chuva apareceu. Vestimos os impermeáveis e fomos seguindo. Como o trilho era quase semrpe debaixo de frondosos bosques, quase nem nos molhávamos.

Um pouco adiante, junto a uma zona industrial, encontrámos monólitos com nomes inscritos de pessoas que pertenciam à Ordem de Santiago. O trilho foi quase sempre um verdadeiro "rompe-pernas": subidas algo intensas e longas descidas, que passavam demasiado rapidamente, para novamente apanhar uma subida. Muito mau para as pernas... Começámos a sofrer... Eu especialmente devido às dores na zona pélvica, que começava a ficar massacrada.

Em Árzua, mal parámos para carimbar num quiosque do turismo. Da cidade apenas recordo a confusão do trânsito que nos dificultou a progressão.

A chuva instalou-se definitivamente e procurámos esticar a etapa até ficar no 1º albergue antes de Pedrouzo. Os marcos que assinalam os quilómetros até Santiago de Compostela iam desfilando à nossa frente: 50 km, 40 km, 30... e ficámos em Santa Irene, num pequeno albergue público, a cerca de 21 km de Santiago.

Depois de encostarmos as bicicletas e tomar banho, tivemos um novo problema que nunca antes tinha surgido: já passavam das 16h, estávamos sem almoçar e o restaurante mais próximo estava 1 km para trás... ah, claro, chovia copiosamente! Decidimos tentar enganar a fome e aguardar até mais tarde comendo apenas uma refeição que seria ao mesmo tempo almoço, jantar e ceia! Às 19h a chuva não parava, então não tivemos outra alternativa senão meter-nos à estrada em direcção ao restaurante. Fomos a pé, abrigado debaixo do meu outro impermeável, que era a única coisa seca e à prova de água que tínhamos. Depois de uma refeição num restaurante onde estava pendurado... o cachecol do Benfica, regressámos ao albergue, durante uma acalmia da chuva. Amanhã seria o grande dia, o culminar da viagem, da aventura. Estávamos impacientes, mas com muita vontade de regressar a casa também. Foram 70,84km, em 5h36min, à media de 12,96km/h