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A caminho de Santiago

O relato das minhas aventuras pelos Caminhos de Santiago

A caminho de Santiago

O relato das minhas aventuras pelos Caminhos de Santiago

Dia 11 - Caminho Francês de Santiago

27.09.10, daraopedal

A manhã revelou o melhor da zona, pois fomos seguindo o caminho que nos dava a descobrir paisagens deslumbrantes sobre os vales da Galiza.

O sol ainda não tinha nascido e foi possível ver as névoas a cobrir os vales, lá ao fundo, enquanto o sol despontava pouco a pouco.

Foi sempre a descer, inicialmente pelo caminho largo e arenoso, depois, com descidas técnicas e pedregosas.

Apanhámos trilhos pelo meio de bosques frondosos até chegar a Triacastela. à saída da aldeia tínhamos duas alternativas de caminho e escolhemos a mais longa que passava pelo mosteiro de Samos.

Até chegar lá, fomos seguindo um ribeiro, passando pelo meio de pequenas aldeias onde se via que a actividade principal era a agricultura e a pecuária.

As ruas estavam sempre cheias de dejectos dos animais, fazendo lembrar as aldeias das serras. O edifício do mosteiro é enorme e impressionante, fomos carimbar à loja do mosteiro onde fomos recebidos por um simpático monge, enquanto outros estavam atarefados junto às escadarias da igreja do mosteiro, limpando os restos de um casamento recente.

Continuámos passando por pequenos lugares que se resumiam a duas ou três casas, subindo e descendo, sempre pelo meio de zonas muito arborizadas.

Voltaríamos ao troço comum um pouco adiante, apercebemos do facto facilmente, pois voltaríamos a encontrar as multidões de peregrinos a pé, que tinham seguido pela outra alternativa por ser mais curta. A partir daí foi sempre a descer até Sarria. A chegada à cidade faz-se a subir, e passa por uma escadaria que evitámos por razões óbvias, contornando pela rua do albergue, onde a fila de peregrinos à espera da abertura era já imensa. Parámos um pouco à frente, junto à igreja de Sta Marina, cuja parede está pintada com grafitis engraçados alusivos ao caminho.

Depois, saindo da cidade, passámos junto ao convento de La Madalena, atravessaríamos a pequena ponte pitoresca de Áspera, que aparece em muitas fotos dos panfletos sobre o caminho, continuando por zonas de campos e bosques, e passando pela linha de comboio e ainda debaixo de um enorme viaduto para automóveis.

Voltaríamos então aos bosques densos com árvores centenárias e enormes, bem como ao sobe e desce do relevo.

O caminho, tal como disse, alternava entre pequenas aldeias com muita m... de vaca e ovelha pelas ruelas, vacarias, e bosques densos que, felizmente, nos iam protegendo do sol, apesar do dia ter sido inicialmente enevoado.

Cruzámo-nos com muitas pessoas que estavam a fazer o caminho em família, a pé, com carrinho de bebé ou de bicicleta.

Íamos contando os quilómetros pelos marcos de pedra que indicam a distância até Santiago, até chegarmos ao marco com o número 100.

A partir daí já só faltava dois dígitos para Santiago. A partir de Sarria o número de peregrinos a pé passou a ser ainda maior por ser a maior cidade existente a mais de 100km de Santiago, distância mínima para quem quer obter a Compostela da peregrinação. Chegámos então a Portomarin, onde atravessámos a ponte sobre o rio Minho.

Logo a seguir à ponte existe uma estranha construção: uma escadaria que inicia no meio de uma rotunda e leva a uma espécie de porta fortificada.

O caminho era pela escadaria, mas tivemos de contornar essa zona com as bicicletas. Almoçámos junto à Igreja de Portomarim.

Achámos que seria melhor ficar por ali; já era tarde e o calor apertava. Infelizmente um dos albergues estava cheio, mas acabámos por encontrar vagas no albergue municipal. Existem dois albergue municipais: o velho e o novo.

Ficámos no velho, no entanto a lavagem da roupa era no novo, pelo que tivemos de ir até lá. Depois de lavar a roupa aproveitámos para descansar no jardim ao lado, onde dois massagistas aliviavam as dores de vários peregrinos.

Aproveitámos para conhecer a vila de Portomarim que, tal como a aldeia da luz em Portugal, foi deslocalizada devido à construção de uma barragem. Depois de jantar ainda fomos apreciar a zona da ponte, da escadaria e da barragem. Por volta da 22h, no jardim ao lado, os massagistas continuavam a trabalhar... Fizemos 63,64km em 4h59min à média de 13,22 km7h.